Sr Incrível II

Infelizmente, o circo Mundial vai embora já este domingo, 22 de Novembro, do parque do Lima, por isso não terei hipótese de ir ver os leõezinhos, os malabaristas e os palhaços...mas, mais que tudo, eu seria o homem mais feliz do mundo se pudesse ver o INCRÍVEL HOMEM BALA.

Não posso ir ver, mas imagino.....o apresentador do circo de cartola, vestindo o seu melhor fato dia sim dia sim, como se fosse um daqueles senhores que estão na sala em que o Willy Fog faz a aposta em como consegue dar a volta ao mundo em 80 dias, a dizer, todas as noites, o quão perigosa é a peripécia do Incrívrel Homem Bala:
"Sras e Srs, apresento-vos o corajoso, destemido, o único...o Incrível Hoooooomeeeeeen Bala"

TA TARARA TATA, rufam os tambores, dos altifalantes soa uma música majestática, do género da marcha imperial do Star Wars...o Sr. Incrível II entra a correr na arena, com uma capa a esvoaçar-lhe sobre os ombros, e a acenar os braços (um misto do acenar de mão da rainha mãe com o fulgoroso punho fechado do Valentim Loureiro)

"Sras e srs, o Incrível Homem Bala vai tentar algo nunca antes tentado; ele vai ser disparado deste canhão para uma rede, mas hoje, e porque vocês são especiais, a rede vai ter metade do tamanho original, pelo que a sua missão é extremamente difícil...."

curto silêncio, o apresentador tira a cartola com uma mão, enquanto com a outra passa um lenço na testa, como se estivesse a transpirar os nervos...

"Sras e srs, vamos rezar para que nada corra mal."

O Incrível, corajoso e destemido, coloca os óculos tipo aviador, aperta o capacete de guerra do avô dele e, à imagem dos duques que entravam no Dodge Charter de 69 pela janela, agarra-se à borda superior do canhão, levanta as pernas com a força do tronco e dos braços, flecte-as e atira-as lá para dentro, deixando-se escorregar, não desparecendo, porém, sem primeiro dar um último aceno

Entretanto, o apresentador, já de cartola posta
"Sras e srs, vamos dar início à contagem decrescente: 10, 9, 8...."

O Homem Bala, ansiando por voar para poder descansar, pensa no que vai fazer de jantar...isto se sobreviver, claro

"....7, 6, 5, 4....."

Os tambores tarantam agora ao ritmo do "On the road again" do Willie Nelson; os olhos do público (um senhor com 40 e poucos, o filho e um amigo do filho) arregalam-se

"...3, 2, 1...."

o tambor e o apresentador calam-se

PUUUUUUUUMMMMM

....da sala sinto o estremecer do canhão, e imagino tudo o que se passou nos últimos momentos dentro daquela tenda mágica:
os leões que saltam por aros a arder, palhaços que riem e choram simultaneamente, o malabarista que cabe num cubo mínimo e lança fogo pela boca; por vezes um elefante que encarnou o Aimar...
por fim, e para acabar a noite em grande, o Incrível Homem Bala, disparado, com toda a violência, contra uma rede com metade do tamanho do dia anterior.

- Que foi isto? - alguém pergunta, em casa.
- Foi o Incrível Homem Bala, coitado! Ainda fica surdo.

1 comentário:

  1. Dois comentários:

    Em primeiro lugar gostaria de me associar ao autor deste post na curiosidade que também eu sinto em assistir ao, que deve ser impressionante, espectáculo do incrível Homem Bala!

    Em segundo lugar referir que não acredito que o rufo dos tambores tenha o ritmo do "On the road again" do Willie Nelson, porque aquilo ainda cansa. Outro dia na bateria do Guiar Hero toquei essa música no medium e quase que desfalecia!

    Um abraço

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